Ela acordou suada , sua roupa estava encharcada. Por fora o corpo, prova física de sua condição e por dentro um sufocar ritmado. O frio que sentia tinha cara de tristeza. Os joelhos que encolheu junto ao peito e abraçou se tornaram cúmplices da mágoa e das horas que passaram a se arrastar depois do despertar do sonho.
Na verdade, ela não queria levantar...Ela não mais sentiu o entusiamo e a alegria que nasce junto com o sol da manhã. Se tornou pedra, se tornou rocha por pura necessidade.
Ela não sabe mais em quem acreditar. A insegurança é sua sombra agora e a espreita sorrateira.
Ela tenta ser forte, manter o rosto imaculadamente perfeito. Precisa... para enfrentar as batalhas diárias. Disfarça seus olhos úmidos e pupila trêmula com muita maquiagem. Só não está sendo possível disfarçar os olhos da alma.
O dia se arrasta num compasso lento e intermitente, que ela conta os segundos para enfim se recolher. Se recolher no conforto do seu silêncio e compensar sua própria ausência.
Quanto se pode ainda suportar? Ela repetidamente se pergunta e não obtém respostas...
Ela anda falando demais o que pensa e escutando de menos o que espera.
O medo é um animal feroz que a tomou por refém. Ela então aprendeu a soluçar baixinho, ser o mais discreta possível. Talvez para passar pela dor de mansinho, talvez para não sucumbir em sua própria existência....talvez. Apenas um talvez.
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